quinta-feira, 24 de março de 2016

CAIU

Por Edson Vidigal

A primeira luz chegou, e depois outra, e outra, e outra, enquanto a inocência se foi. 
Deslizou pelo canto, de leve, num breve suspiro de tempo que deitou manso, manso, manso, manso...
Deixou pra trás esse manto de pontos coloridos brilhantes, que me inunda desse céu de estrelas que toca o chão. Desse firmamento lento, que desce a rua, que escorrega o asfalto, que buzina minha alma desligada, desprevenida, aliviada. Um perigo que acorda do longe, antes que seja tarde. 
Mas não estou lá. Apenas me pinto deitado nessas nuvens de descanso solto. Nessa sensação de sorver o nada que ampara o vazio de uma noite que durará alguns dias. Tudo na esperança de esperar, seja lá o que for.
O certo é que a vida segue, o vento segue, as ruas seguem, os carros, as motos, as pessoas, as estórias e, finalmente, as palavras.
Tudo na inútil tentativa de brilhar, na ausência da escuridão.

terça-feira, 15 de março de 2016

O EREMITA

Ele vinha de um lugar ensolarado, quente, úmido, onde as tardes eram manhãs de abril. Deitou, descansou, sentiu o vento, a brisa, a tempestade, o beijo da chuva, que inundou seu peito, que afogou sua paixão.