domingo, 8 de setembro de 2013

A DANÇA DOS COQUEIROS

Por Edson Vidigal

Não se esqueçam da dança dos coqueiros. Suave, lenta e sensual. Cheia de folhas e movimento. Cheia de tons de relva seca. Cheia de cheiro de praia. Cheia de casais sedentos de amor.

Dança conforme a música em meio à silenciosa sinfonia do vento nordeste que, a depender de seu entusiasmo, por vezes uiva, por vezes canta na voz dos bambus cortados da varanda (que precisam de uma lixada e umas novas demãos de verniz).

Dança tão grudadinha que dá gosto de ver, e que faz se imaginar entre coxas engatadas que não deixam nenhum sopro de espaço passar num ritmo pulsante e de constante roçar.

Dança ao ritmo de catuaba e de pedras de notas bem graves que estremecem os falantes e tocam fundo o peito. Passeios e conversas em meio ao movimento de saias leves e chinelos surrados que fazem descalçar os dedos.

E num instante inusitado, ouço árvores verdes, céus azuis, núvens brancas e um belo arco-iris de um dia brilhante que mais parece este aqui. O velho Luís entusiasma o vento (noto pela excitação das folhas do coqueiro) e enche meus olhos de lágrimas ao me falar de amigos apertando as mãos e dizendo que se amam. E não tenho como não pensar como este mundo é maravilhoso.

E o coqueiro que me inspira por um instante pára, e acaba ouvindo a voz do Álex, que randomicamente aparece do nada pra cantar o "atirei o pau no gato" do seu jeito que, desde sempre, já era cheio de ímpeto próprio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário